Depois de um proveitoso diálogo de dois dias sobre Economia Solidária e Software Livre, chegamos a esta declaração conjunta que expressa nossos pontos de vista pessoais.
Cremos que os movimentos de software livre e de economia solidária devem colaborar entre si para gerar soluções de software que sejam totalmente livres, com o objetivo de satisfazer as necessidades da economia solidária
Isto inclui a organização de redes de economia solidária. Estas redes possibilitam a gestão democrática de recursos e de fundos locais e globais.
Os movimentos de software livre e de economia solidária também devem colaborar para fomentar o crescimento e o surgimento de empreendimentos auto-gestionados que produzam software livre segundo as ideias da economia solidaria. Isto fortalecerá a democracia nos âmbitos econômico e técnico, e contribuirá para o desenvolvimento de comunidades locais integradas em redes colaborativas.
Também imaginamos alguns projetos como a produção de computadores por redes colaborativas de empreendimentos de economia solidária, para ser usados exclusivamente com software livre, inclusive tablets y micro-servidores como Freedom Box.
A cooperação entre os movimentos de software livre e de economia solidária oferece a oportunidade de tratar mais profundamente da defesa das liberdades públicas e privadas; em particular da ética e da libertação com respeito ao uso da Tecnologia da Informação. A autogestão de atividades informáticas requer que o software usado seja livre. A filosofia ética do software livre - a liberdade para compreender, usar, modificar, reproduzir e distribuir o software - faz do software livre um instrumento de libertação econômica na economia solidária. Esta ideia contrasta com a filosofia puramente prática do código aberto, que renuncia à liberdade como um valor, em favor da funcionalidade ou do êxito.
A tecnologia da informação pode contribuir para estender as liberdades publicas e privadas ou converter-se em um instrumento de dominação. Frente à expansão desta tecnologia e da crescente digitalização dos processos econômicos, políticos e culturais, o poder de algumas poucas corporações está crescendo - corporações que, com seus softwares privativos e serviços abusivos, controlam a informática das pessoas e coletam um volume de dados cada vez maior em todas as esferas de sua vida (frequentemente sem o seu prévio conhecimento) e os entregam a estados, às vezes democráticos, às vezes não, os comercializam ou compartilham com outras empresas, com vistas a obter vantagens e lucros. Isto é um risco para a democracia e para as liberdades públicas e privadas de toda a humanidade.
Para protegê-las, os recursos e os processos informáticos devem respeitar a liberdade e não submeter seus usuários ao poder das corporações ou de outras entidades. As redes colaborativas de economia solidária podem facilitar isto, usando softwares livres, projetados para minimizar a vigilância sobre os usuários.
Como apoiadores dos movimentos de software livre e de economia solidária, denunciamos e rejeitamos todo uso da tecnologia da informação para ações de opressão e dominação, sejam com software livre ou não.
Defendemos que toda atividade educativa que utilize software nos espaços públicos deve rejeitar o software privativo, para não gerar dependências nos estudantes.
Curitiba, 15 de Dezembro de 2012
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